Pandemia e a prática da empatia: oportunidade de melhorar como pessoa

Em um mundo que prioriza a individualidade e a competição, nem sempre é fácil nos dedicarmos a entender o ponto de vista do outro. Mas, é preciso tentar.

A empatia é um exercício de convivência que facilita as relações, faz com que compreendamos melhor o mundo a nossa volta e nos conecta mais profundamente às outras pessoas. Além disso, a empatia é uma bela maneira de diminuir os abismos sociais, minimizar preconceitos e atenuar hostilidades.

Com origem no termo em grego empatheia, que significa “paixão”, a empatia é um sentimento, uma qualidade do ser humano. Por isso, todos nós valorizamos relações mais afetivas, como saber que importamos, que pertencemos e que seremos ouvidos com real interesse. Precisamos desejar ser pessoas melhores. Treinar a empatia é um importante passo nesta direção.

No ano passado, em início de Pandemia, éramos uma sociedade mais empática; entretanto, com o advento da vacina, muitas as pessoas deixaram de lado os cuidados aprendidos acerca da proteção, bem como, o pensar no coletivo em relação à possibilidade de ser hospedeiro do vírus e repassá-lo ao próximo. É importante lembrar que ser mais empático não significa simplesmente sentir maior simpatia pelas pessoas. Empatia é mais do que isso: é conseguir realmente se colocar no lugar do outro, entender suas necessidades, procurar ver o mundo não somente com os seus olhos, mas compreender também os sentimentos, desejos, ações e sofrimentos do outro.

“A pandemia não transformou ninguém, quem é bom, continuou sendo bom e demostra isso em ações. E quem é mal continua sendo mal e mostra no dia a dia que não tem compaixão por ninguém.” Yasmin Trajano

Para a Psicologia, segundo os psicólogos norte-americanos Paul Ekman e Daniel Goleman, há três tipos de empatia:

  1. Empatia emocional: é aquela por meio da qual conseguimos sentir e compartilhar do que o outro sente, é quando nos colocamos no lugar do outro e da forma que ele se sente em suas condições.
  2. Empatia cognitiva: é caracterizada por se comunicar melhor, entender o pensamento do outro, a razão desses pensamentos e até sentimentos.
  3. Empatia compassiva: é o tipo de empatia que ultrapassa o sentir ou acolher o pensamento do outro, ela faz com que a pessoa empática ajude o outro efetivamente.

Autoconhecimento é o primeiro passo para que possamos compreender melhor o outro. Sabermos quais são as nossas dores, medos e necessidades nos permite enxergá-las – e acolhê-las – mais facilmente nas outras pessoas.

A empatia é transformadora, pois promove relações em que todos saem ganhando. É como estar conectado a uma corrente do bem, em que suas relações vão naturalmente se tornando mais genuínas e acolhedoras.

A psicoterapia pode ajudar você a desenvolver os hábitos mentais para se relacionar melhor com o mundo, de modo a vê-lo e não apenas aceitá-lo, apreciando quem o outro é, do que ele é feito e o que realmente importa para ele.

Lembrando que a empatia pode ser decisiva no cuidado com o outro. Algumas dicas:

  1. Seja sincero e cuidadoso ao se expressar. Isto transmite confiança às pessoas;
  2. Ouça o outro com atenção e paciência. Interesse-se pelo outro;
  3. Expanda suas relações e conheça outras verdades e pontos de vista;
  4. Não compare dores ou problemas. Todos têm sua importância;
  5. Julgue menos, cobre menos e procure ter menos preconceitos.

Viver sem empatia é, de certa forma, viver desconectado emocionalmente do outro. É estar presente só fisicamente, sem envolvimento, sem se importar – e sabemos que relacionamentos precisam de comunicação efetiva, de presença emocional e de conexão.

Três frentes tornaram o avanço da empatia algo importante:

  1. Neurocientistas identificaram em nosso cérebro um conjunto de circuitos da empatia com 10 seções que, se danificado, pode restringir nossa capacidade de compreender o que outras pessoas estão sentindo;
  2. Biólogos evolucionistas mostraram que somos animais sociais, isto é, evoluímos naturalmente para sermos empáticos e cooperativos, como nossos primos primatas;
  3. Psicólogos revelaram que até mesmo crianças de três anos são capazes de sair de si mesmas e ver a partir da perspectiva de outras pessoas.

Vivemos em um tempo e numa sociedade que cada vez mais valoriza a produtividade e a competitividade. Resultados, muitas vezes, estão acima das necessidades pessoas. Metas, prazos, performance são medidas de sucesso, mais do que bem-estar e felicidade. Neste cenário, é cada vez mais difícil encontrar pessoas que se coloquem no lugar do outro, que se importem, que compreendam socialmente o outro, a ponto de sentir suas dores e suas alegrias. Talvez não seja possível sentir exatamente o que o outro sente, porém é possível imaginar e ser solidário a este sentir.

Se você percebe que não é capaz de se colocar no lugar do outro, sente alguma indiferença ou apatia, é bom refletir sobre como andam suas emoções internamente. Um detalhe importante para o relacionamento com o outro é que não basta apenas a presença física; é importante demonstrar seus sentimentos com relação à realidade do outro. É preciso manifestar ativamente seus sentimentos para criar uma conexão.

Muitas vezes, você pode estar passando por algum momento que dificulta a expressão de suas emoções, pode estar vivendo no “piloto automático” sem perceber, pode estar ocupado demais ou envolvido em alguma dinâmica que tem limitado sua forma de se relacionar.

“É possível mudar as nossas vidas, e a atitude daqueles que nos cercam, simplesmente mudando a nós mesmos.” Rudolf Dreikurs

A psicoterapia pode ajudar você a retomar ou a desenvolver sua competência emocional de forma efetiva, reaproximando você de suas emoções, ensinando a cultivar as relações que são mais importantes em sua vida.

É tão importante ser acolhido quanto acolher. Comece esta mudança por você e cuide das suas relações. Elas importam, e muito, tanto para você, quanto para os outros.

Neste momento, convido você para uma meditação a fim de desenvolver a Empatia

Agora, pense em uma pessoa que significa muito para você. Visualize o rosto dele ou dela de forma bem nítida. Se quiser, veja uma foto ou um vídeo dessa pessoa.

Repita as frases abaixo, fazendo uma pausa para reflexão, após cada uma delas:

Essa pessoa possui um corpo e uma mente, assim como eu.
Essa pessoa possui sentimentos, emoções e pensamentos, assim como eu.
Essa pessoa, em algum momento da vida, já se sentiu triste, desapontada, irritada, machucada ou confusa, assim como eu.
Essa pessoa, em algum momento da vida, já sentiu dores e sofrimentos físicos ou emocionais, assim como eu.
Essa pessoa deseja se libertar da dor e do sofrimento, assim como eu.
Essa pessoa deseja se sentir saudável e amada, e ter relacionamentos que a completem, assim como eu.
Finalizada esta primeira parte, é hora de desejar coisas boas.
Eu desejo que essa pessoa tenha força e todos os recursos necessários para superar qualquer dificuldade que a vida lhe traga.
Eu desejo que essa pessoa se liberte da dor e do sofrimento.
Eu desejo que essa pessoa seja plenamente feliz.
Porque essa pessoa é um ser humano, assim como eu.
Agora, desejo que todas as pessoas, as quais conheço, sejam felizes.

Mantenha-se em silêncio por 1 minuto e finalize a meditação.

10 Indicações de filmes sobre empatia:

  1. O menino do pijama listrado (Mark Herman, 2008)
  2. Mary e Max (Adam Elliot, 2009)
  3. Up – Altas Aventuras (Pete Docter, 2009)
  4. Sete Dias com Marilyn (Simon Curtis, 2011)
  5. Intocáveis (Eric ToledanoOlivier Nakache, 2012)
  6. Para sempre Alice (Richard GlatzerWash Westmoreland, 2015)
  7. Um senhor estagiário (Nancy Meyers, 2015)
  8. Nise o coração da loucura (Roberto Berliner, 2015)
  9. Moonlight – Sob a Luz do Luar (Barry Jenkins, 2016)
  10. O menino que descobriu o vento (Chiwetel Ejiofor, 2019)

Indicação de livro:

 

Desenvolva a empatia e seja a sua melhor versão!

REFERÊNCIAS:

https://www.significados.com.br/empatia/

https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/1/empatia-exigencia-do-mundo-atual

https://pt.slideshare.net/CorSilva/empatia-a-habilidade-fundamental-para-os-novos-tempos-54803766

https://vidahacker.io/exemplos-empatia/

https://radios.ebc.com.br/revista-brasil/2021/01/psiquiatra-comenta-sobre-empatia-exercicio-bastante-vivenciado-na-pandemia

http://www.adorocinema.com/

https://psicoposts.com.br/

*Texto revisado pela professora Vanessa Monzillo @prof.vanessa.redacao

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