Geração Z – Quem são os “nativos digitais”?

A Geração Z é formada pelos nascidos entre o fim da década de 1990 e 2010. É a primeira geração a nascer em um cenário no qual a tecnologia é acessível e onipresente; por esta razão, são chamados “nativos digitais”.

As pessoas desta geração utilizam tecnologia desde a infância e são capazes de viver, simultaneamente, realidades presenciais e digitais, pois cresceram jogando videogames e usando smartphones. Além disso, veem as inovações (tanto de tecnologia quanto de ideias) não como rupturas, mas como avanços naturais.

Independentes, individualistas e imediatistas, as pessoas da Geração Z aprenderam a se relacionar pelas redes sociais e por aplicativos. Por isso, muitos podem ter dificuldade em gerar vínculos pessoais duradouros ou em socializar fora do ambiente virtual.

É importante mencionar também que esse acesso à tecnologia impacta, inclusive, sobre os planos que a referida geração projeta para o futuro. Por entenderem as incontáveis possibilidades da internet, não veem mais a graduação universitária como a única forma de obter crescimento financeiro. Viver sem um emprego formal, para eles, não representa a mesma insegurança que para gerações anteriores.

A Geração Z também se engaja fortemente em causas sociais e políticas, normalmente de forma mais inclusiva, já que a globalização fez com que tivessem acesso à maior pluralidade de pessoas e de interesses. Isto os leva a exaltar a individualidade e a acolher diferenças com mais naturalidade – uma lição muito valiosa para as gerações anteriores.

Como qualquer outra, a Geração Z também possui seus desafios emocionais. Isto se evidencia por meio da presença da tecnologia em quase todos os aspectos da vida, podendo conduzir à dificuldade em relação ao desenvolvimento de competências emocionais importantes, ligadas aos relacionamentos, ao criar padrões de isolamento nocivos à saúde emocional.

Ademais, há a possibilidade de virar uma histeria, também chamada doença psicogênica em massa, a qual pode ocorrer com vários membros de uma comunidade de forma mais ou menos simultânea, como um ataque nervoso ou de ansiedade.

Tal fenômeno foi retratado quando a Netflix lançou seu longa-metragem, Bird Box, em 2018. Apesar de Muitos espectadores ficarem questionando o que era o “monstro” que levara todos ao suicídio, apenas uma das teorias on-line foi a mais plausível ao dizer que o “monstro” representava o contágio histérico em massa.

Nesta perspectiva, houve numerosos casos de histeria na história, tais como:  epidemia do riso que ocorreu em Tanganyika (Tanzânia), em 1962, na qual centenas de crianças e adultos riam e choravam durante dias e a conhecida Guerra dos Mundos, histeria causada pela falsa invasão extraterrestre que Orson Welles transmitiu via rádio, em 1938, nos Estados Unidos.

Mais recentemente, no Le Roy Junior / High School, perto de Buffalo, Nova York, em outubro de 2011, duas adolescentes apresentaram movimentos involuntários de contração e de sacudidas. Até aumentar para 20 pessoas (a maioria adolescente). Segundo o Dr. Laszlo Mechtler, que tratou 15 pacientes no Instituto de Neurologia Dent, os sintomas foram agravados pela mídia social e pela atenção da imprensa.

A partir disso, desde 2019, pesquisadores de diversos países têm alertado para o surgimento de um novo e insólito tipo de cacoete. Sua origem é preocupante: as redes sociais, representadas por aplicativos de mídia, tais como: TikTok, Reels, Kwai, os quais possuem mais de 1 bilhão de usuários.

Em decorrência desses eventos, uma série de artigos publicados em revistas médicas, desde o início da pandemia de Covid-19, tratou do aumento de casos de jovens que apresentaram início repentino de tiques motores e fônicos, de prevalência feminina. Ou seja, foram mais as meninas que começaram a copiar os tiques alheios de influenciadoras digitais.

Segundo o código internacional de doenças – CID 10 – a categoria dos tiques é F9; todavia, não há uma linha divisória clara entre o transtorno de tique com perturbação emocional associada e a perturbação emocional com alguns tiques associados. Entretanto, o diagnóstico deve representar o tipo principal de anormalidade, podendo ser classificados em:

CID F95.0 – Transtorno de tique transitório: tique que não persiste por mais de 12 meses. Mais frequentemente por volta dos 4 a 5 anos, aparecendo sob a forma de piscar os olhos, mímica facial ou movimento da cabeça.

CID F95.1 – Transtorno de tique motor ou vocal crônico: critério geral de tique onde existem tiques motores ou vocais, mas não ambos ao mesmo tempo, podem ser isolados ou, mais frequentemente, múltiplos por mais de 1 ano.

CID F95.2 – Tiques motores e vocais múltiplos (síndrome de Gilles de la Tourette): há ou tem havido tiques motores múltiplos e tiques vocais, embora não obrigatoriamente ocorrendo de maneira simultânea. Essas síndromes têm início na fase da infância e da adolescência, com história de tiques motores serem antes dos vocais. Se agrava e persiste na fase adulta.

CID F95.8 – Outros transtornos de tique.

CID F95.9 – Transtorno de tique, não especificado: a subcategoria específica não está especificada ou no qual os aspectos não preenchem os critérios para F95.0, F95.1 ou F95.2.

Por fim, a psicologia pode ajudar a administrar a ansiedade e o estresse emocional, muito comuns nesses jovens, levando-os a desenvolver as ferramentas internas para terem uma vida mais plena e feliz, na qual a tecnologia seja uma parte, mas não a única forma de se relacionar com o mundo, tão maior do que a tela do smartphone.

 

REFERÊNCIAS:

https://psicoposts.com.br/

https://canalhistoria.pt/blogue/a-histeria-coletiva-na-historia/

https://ocys.com.br/artigo/10-casos-perturbadores-de-contagio-histerico-em-massa-como-bird-box

https://veja.abril.com.br/saude/a-geracao-tique-toque-na-era-das-redes-surgem-novos-tipos-de-cacoetes/

Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10 Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas – Coord. Organiz. Mund. Da Saúde; trad. Dorgival Caetano – Porto Alegre. Artmed, 1993.

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