Dependência Afetiva – O que leva à falta de autonomia emocional?

Faz parte da natureza humana sermos dependentes em alguns momentos de nossas vidas. Quando pequenos, por exemplo, dependemos do cuidado de outras pessoas. E isso é natural. Dessa forma, é saudável que o desenrolar da vida nos proporcione maturidade e autonomia, para que possamos ser independentes e livres.

Porém, isso nem sempre acontece no território das emoções. Para algumas pessoas, sobretudo as que passam, ou passaram, por grandes traumas, episódios fortes de estresse emocional, mudanças repentinas, perdas ou separações, internamente pode surgir um sofrimento psíquico, que abala a autonomia emocional e pode gerar dependência afetiva.

A dependência emocional ou Transtorno da Personalidade Dependente (CID F60.7) é um padrão de comportamento submisso, relacionado à necessidade excessiva de proteção e de cuidados. Logo, consideram que não conseguem cuidar de si mesmos.

Segundo o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição, ou DSM-5, para o diagnóstico do transtorno de personalidade dependente, os pacientes devem ter:

  • Necessidade persistente e excessiva de serem cuidados, resultando em submissão e apego.

Essa necessidade persistente manifesta-se pela presença de ≥ 5 dos seguintes:

  • Dificuldade em tomar decisões diárias sem uma quantidade excessiva de conselhos e asseguramento por outras pessoas.
  • Necessidade de fazer com que outros sejam responsáveis por muitos aspectos importantes das suas vidas.
  • Dificuldade para expressar discordância com os outros porque eles temem perder suporte ou aprovação.
  • Dificuldade para iniciar projetos por conta própria, porque eles não estão confiantes em seu julgamento e/ou habilidades (não porque não têm motivação ou energia).
  • Disposição de fazer tudo (p. ex., realizar tarefas desagradáveis) para obter o apoio de outros.
  • Sentimentos de desconforto ou desamparo, quando estão sozinhos, porque temem não poderem cuidar de si mesmos.
  • Necessidade urgente de estabelecer um novo relacionamento com alguém que fornecerá cuidados e suporte quando um relacionamento íntimo termina.
  • Preocupação irrealista com medo de serem abandonados para cuidar de si mesmos

Além disso, os sintomas devem ter ocorrido no início da idade adulta.

Essas situações ficam marcadas como uma espécie de abandono e vulnerabilidade, que persiste ao longo do tempo. Esta sensação é revivida não só no presente, mas também nas novas relações.

É muito comum que pessoas que passam por esta condição de dependência, por se sentirem fragilizadas, tornem-se pouco criteriosas sobre seus laços afetivos. Algumas acabam aceitando permanecer em relações sem qualidade, em troca de “migalhas” de afeto.

É comum que essas pessoas – e também quem está à sua volta – percebam a necessidade constante da presença de alguém. Essa condição pode levá-las a viver aflita e frustrada, com a incômoda sensação de que há sempre uma perda iminente, um abandono prestes a acontecer.

Quem sofre de dependência afetiva, muitas vezes, faz também substituições, normalmente de forma inconsciente, com o intuito de preencher a sensação de constante “vazio”. Nestes casos, a substituição pode ser por comida, drogas ou até mesmo pela constante busca de aprovação, ou comportamentos de submissão.

A dependência afetiva não apenas compromete relações saudáveis, mas também causa sérios problemas de autoestima. A psicoterapia pode ajudar no amadurecimento emocional e na melhora da autoconfiança, autonomia e autocontrole, para que se possa seguir a vida de forma emocionalmente mais saudável e plena, sendo voz ativa dentro de suas relações, sem depender delas.

Sempre existirão escolhas, em todos os momentos. Permanecer numa relação que já não nos faz bem, pode não ser o único caminho possível; entretanto, é preciso saber reconhecer quando este é o único caminho saudável.

Às vezes, sabemos muito bem o que queremos e o que não queremos. Temos clareza sobre o que é tolerável ou não é. Costuma ser fácil identificar onde há e onde não há benefícios. No entanto, muitas vezes, por comodismo, medo do novo ou simplesmente por falta de forças, permanecemos na zona de conforto – mesmo que ela nem seja mais tão confortável assim. O risco é acostumar-se com o inaceitável e perder as forças para reunir os ânimos, criar coragem suficiente e, simplesmente, partir.

Em momentos assim, é importante definir, antes de tudo, o que que você realmente deseja, quais são os sonhos e metas pelas quais vale lutar. O que você quer é o que você precisa? O que você sonha é possível? É razoável ficar? Quais são os ganhos de partir?

Aos 15 anos da Lei Maria da Penha, podemos falar sobre sua evolução, bem como acerca de sua necessidade de melhora. A consciência e responsabilidade das duas partes são fundamentais para que o dependente não sofra abusos. Quem sofre de pendência emocional cria a crença: antes mal acompanhado, do que só. Isso pode acontecer tanto com mulheres, quanto com homens. Existem grupos terapêuticos para acolher as pessoas que sofrem de dependência emocional.

Mas… Cíntia, como posso saber se sou um dependente emocional?

Características/Sinais de atenção presentes no Homem e na Mulher que amam demais:

  1. Quando AMAR é sinônimo de sofrimento de dor.
  2. Que ama mais o outro que a si próprio, vive em função do outro.
  3. Gasta a energia ao tentar mudar o comportamento do outro.
  4. Envia Sms em excesso ao parceiro.
  5. Tem Ciúme excessivo. Muitas vezes, o ciúme é confundido com amor. Porém, são coisas distintas, o ciúme exagerado é o amor levado ao limite. É quando a emoção AMOR, se torna patológica.
  6. Obcecado pelo parceiro, sufocando-o, não confiam, e estão permanentemente no controle. Verificam bolsos, celular, e-mail, quilômetros do carro, faturas de telefone e até movimentos do cartão de crédito, sempre na expectativa de encontrar uma prova.
  7. Sempre quer mudar o outro mediante a sua imagem.
  8. Oriundos de um Lar disfuncional, em que as suas necessidades emocionais não foram satisfeitas.
  9. Não se aceita, tanto em seu aspecto físico quanto em suas características.
  10. Os seus relacionamentos são sempre destrutivos.
  11. Está constantemente em relações caóticas, instáveis e dolorosas do ponto de vista emocional.
  12. Não se valoriza nos relacionamentos, precisa ser sempre validado/reconhecido pelo outro.
  13. Numa relação destrutiva, não é capaz de sair da relação sem depressão.
  14. Utiliza o sexo frequentemente como meio manipulador ou muda o parceiro.
  15. É atraído pelo perigo, dramas, intrigas, desafios, evitam relações equilibradas e confiáveis.
  16. Disposto a esperar, a agradar cada vez mais, a ser “prestativo”, mostrando-se útil.
  17. Há dependência do outro.
  18. Possui uma autoestima perigosa e, no fundo, acha que não merece ser feliz;
  19. Necessidade extrema de estar num relacionamento, medo de ficar sozinho. Tem medo de ser abandonado, fazendo qualquer coisa para impedir o fim do relacionamento;
  20. É super atencioso, principalmente com pessoas aparentemente carentes, por não ter recebido um mínimo de atenção, tenta suprir essa necessidade insatisfeita através de outra pessoa;
  21. Está disposto a arcar com mais de 50% da responsabilidade, da culpa e das falhas em qualquer relacionamento.
  22. Como experimentou pouca segurança na infância, tem uma necessidade desesperadora de controlar seus parceiros e seus relacionamentos;
  23. Está muito mais em contacto com o sonho de como o relacionamento poderia ser, do que com a realidade da situação.
  24. Tem tendência psicológica e, com frequência, bioquímica de tornar dependente de drogas, álcool e/ou certos tipos de alimento, principalmente doces.
  25. Ao ser atraído por pessoas com problemas que precisam de solução, ou ao se envolver em situações caóticas, incertas e dolorosas emocionalmente, evita concentrar a responsabilidade em si próprio.
  26. Tende a ter momentos de depressão, e tenta preveni-los através da agitação criada por um relacionamento instável.
  27. Não tem atração por pessoas (homens ou mulheres) gentis, estáveis, seguros e que estão interessados em manter relação. Acha que esses pessoas “agradáveis” são enfadonhas. Gosta das emocionalmente indisponíveis;
  28. A dificuldade de voltar a relacionar por estar carregado de traumas que acabam a contaminação nas próximas relações.
  29. Aterroriza a hipótese de ser abandonado, por isso fará qualquer coisa para que a relação não termine.
  30. São mulheres que sofrem com o amor excessivo em relação a maridos, noivos, namorados, filhos, amigos… A baixa autoestima, em alguns casos, pode desencadear relações patológicas e doentias.  São relações frustradas inseguras com falta de companheirismo. Mulheres ou homens que não conseguem por um ponto final numa relação que já desgastada. Torna-se “doentio” e motivo de desespero de muitas pessoas. Mas há ainda outra situação que causa sofrimento: quando a relação termina por iniciativa do outro.

Extraído do livro “Mulheres que Amam Demais”, de Robin Norwood.

Se você se identificou com a maioria dessas características procure ajuda!

Conhece os grupos: MADA (mulheres que amam demais) e CODA (grupo de codependentes anônimos)?

Endereços para os grupos: MADA: https://grupomadabrasil.com.br/enderecos-reunioes/

CODA: https://codabrasil.org.br/

Um profissional de psicologia pode ajudar você a responder estas e outras perguntas, trabalhar sua autoestima e motivá-lo a abandonar ideias limitantes e velhos medos, a respeitar-se e optar por um caminho que seja saudável, como você quer e merece ter. Invista em você, invista na sua saúde mental, seja o autor(a) de sua história e viva de forma plena, na sua melhor versão.

Provérbios 3:21-24: “Meu filho guarde consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca os perca de vista; trarão vida para você e serão um enfeite para o seu pescoço. Então você seguirá o seu caminho.”

Seguem abaixo sugestões de livros sobre o tema:

 

LINKS PESQUISADOS:

https://elizabethzamerul.com.br/teste-para-dependencia-emocional/

www.psicoposts.com.br

https://zinebrasil.wordpress.com/2017/03/15/lorena-kaz-lanca-livro-sobre-dependencia-emocional-em-sao-paulo/

http://elianabarbosa.com.br/amor-ou-dependencia-emocional/

https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/transtorno-de-personalidade-dependente-tpd

http://sites.correioweb.com.br/app/noticia/encontro/atualidades/2014/12/31/interna_atualidades,1911/quando-o-excesso-de-amor-vira-doenca.shtml

https://wecareon.com/blog/homem-e-mulher-que-amam-demais/

*Texto revisado pela professora Vanessa Monzillo @prof.vanessa.redacao

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